DO AMOR
Assim que
se é posto à prova,
na cinza
do óbvio, quando
atrás de
um caminhão vazando
o homem
que pediu sua mão
informa:
‘está
transportando líquido’.
Podes
virar santa se, em silêncio,
pões de
modo gentil a mão no joelho dele
ou a
rainha do inferno se invectivas:
claro, se
está pingando,
querias
que transportasse o quê?
Amar é
sofrimento de decantação,
produz
ouro em pepitas,
elixires
de longa vida,
nasce de
seu acre
a árvore
da juventude perpétua.
É como
cuidar de um jardim,
quase
imortal deleitar-se
com o
cheiro forte do esterco,
um cheiro
ruim meio bom,
como disse
o menino
quanto a
porquinhos no chiqueiro.
É mais que
violento o amor.
Adélia Prado
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